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Theo Hernández dedica gol e classificação a Lucas: "Penso muito no meu irmão"
Destaque do Milan, Theo Hernandez ganhou a posição do irmão Lucas, lesionado, e é o terceiro defensor a marcar gol nas últimas quatro semifinais francesas em Copas do Mundo
GLOBOESPORTE.COM / REDAçãO DO GE
O autor do gol da França no primeiro tempo da vitória por 2 a 0 sobre Marrocos, nesta quarta-feira, é um predestinado. O lateral esquerdo Theo Hernández, de 25 anos, chegou ao Catar como reserva do irmão mais velho, Lucas (26), mas ganhou a posição após este sofrer uma lesão que o tirou da Copa do Mundo logo na estreia.
Theo comemorou bastante a classificação para a final e exaltou o momento da França, que chega à sua segunda final de Copa do Mundo consecutiva.
- Seguramente, esse é um momento incrível. Vamos jogar duas finais seguidas. Fizemos um bom trabalho, foi muito duro, mas estamos na final. Quero comemorar com minha família, todos os jogadores e o treinador - disse o atleta na saída de campo contra o Marrocos.
Desde a contusão do irmão, o jogador do Milan correspondeu e virou um dos pontos fortes da seleção. O jogador, porém, não esquece de Lucas e espera encontrá-lo no estádio Lusail no próximo domingo assistindo ao duelo da França contra a Argentina, pela grande decisão do Mundial.
- Sabemos que vai ser uma partida difícil, mas nós vamos trabalhar para ganhar essa final. Penso bastante no meu irmão e espero que ele esteja lá para ver a final - completou Theo.
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Theo e Lucas são filhos de um ex-jogador, Jean-François Hernández, a quem não veem desde 2004, quando ele foi para a Tailândia e "desapareceu" da vida pública. Agora, Jean-François assiste como o resto do mundo, conforme Theo se junta a Liliam Thuram e Umtiti como defensores artilheiros da França em semifinais de Copa do Mundo.
Frutos da relação entre Jean-François e Laurence Py, que se conheceram quando ele estava no Socheaux em 1995, Theo e Lucas cresceram em Madri, onde o zagueiro encerrou sua carreira. Acabaram vítimas de um rompimento feio entre seus pais. Por alguns anos, ainda tiveram contato com o pai nas férias. Porém, cada um dos lados têm uma versão para o que aconteceu em 2004. Laurence acusa o ex de despejá-la sem sobreaviso e desaparecer; a família de Jean-François alega que ela proibiu os filhos de vê-lo e se mostrou intransigente.
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A situação serviu para unir cada vez mais os dois irmãos. Lucas foi sempre o primeiro a abrir as portas: primeiro a ir para seleções de base, primeiro para ir à seleção principal e primeiro a jogar uma Copa do Mundo. O irmão mais velho foi titular absoluto da lateral esquerda em 2018 e deu duas assistências na campanha do título mundial francês, uma delas na final.
Theo, contudo, rapidamente foi saindo da sombra do irmão. Se destacou na Real Sociedad e no Real Madrid e chegou ao Milan em 2019, onde se estabeleceu como um dos melhores laterais esquerdos do mundo. Foi parte importante da retomada do time rossoneri, que foi campeão italiano este ano com cinco gols e seis assistências suas.
Logo, Theo e Lucas estavam sendo convocados juntos para a seleção francesa e disputando posição. Lucas ganhou a disputa antes da Copa, mas sua participação no Catar durou apenas nove minutos. No lance que terminou em gol da Austrália na estreia da França, o irmão mais velho sofreu uma ruptura no ligamento do joelho e precisou ser substituído; ele seria cortado pouco depois do jogo. Theo entrou e já deixou sua marca com uma assistência para o gol de empate de Rabiot. Logo se transformou num dos pontos fortes da equipe.
- Jogarei pelos dois - prometeu Theo ao irmão mais velho quando este foi cortado, segundo o jornal "L'Equipe".
Nesta quarta-feira, o irmão mais novo encheu o mais velho de orgulho ao marcar o gol que abriu o placar da partida contra Marrocos. Ele seguiu uma tradição da França: nas últimas quatro semifinais de Copa, defensores fizeram gols em três delas. Nas outras duas (Thuram com dois gols em 1998, Umtiti com um gol em 2018), os franceses saíram campeões.
De quebra, Theo fez o que nenhum outro atacante, incluindo Cristiano Ronaldo, conseguiu nesta Copa: marcar gol no goleiro marroquino Bounou. Ele estava praticamente zerado em cinco jogos no Catar, com o único gol sofrido sendo marcado por um de seus próprios companheiros, gol contra, na vitória sobre o Canadá por 2 a 1.