Sexta, 26 de Julho de 2024
  • Sexta, 26 de Julho de 2024

Com previsão de chuvas, tendência é que nível do rio Paraguai volte a subir em dezembro

Monitoramento sobre volume do rio tem mais de 100 anos e menor registro feito em 2022 ocorreu neste mês

CORREIO DO ESTADO / RODOLFO CéSAR, DE CORUMBá


Rio Paraguai atingiu o menor nível do ano ano neste mês - Foto: Viviane Amorim

A régua no 6º Comando do Distrito Naval, em Ladário, apontou que o rio Paraguai atingiu o seu menor nível neste ano agora em dezembro, com 19 centímetros alcançados nesta quarta-feira e mantidos neste dia 15.

Dados coletados em 118 anos de análise mostram que dezembro e novembro são os meses em que geralmente há esse menor nível registrado.

Em compensação, avaliação feita a partir da previsão de chuva para as próximas semanas aponta que a bacia atingiu seu nível de vazante – redução do volume – e a tendência é que o processo de cheia seja retomado. Estudos que acompanham a bacia do rio Paraguai apontam que, ainda neste mês, o nível na régua de Ladário tem previsão para alcançar 61 centímetros.

A estação localizada dentro do 6º Comando do Distrito Naval serve como “termômetro” para avaliar as cheias e o estágio de estiagem no Pantanal. Esses dados são originados a partir da medição diária da Marinha do Brasil, além do Boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai, elaborado pelo Serviço Brasileiro Geológico (SBG-CPRM).

O estudo faz parte do Sistema de Alerta Hidrológico (SAH) desenvolvido pela autarquia federal para embasar a atuação de empresas de navegação, governos municipais e estaduais, além do próprio governo federal. A condição do rio Paraguai e a condição de seca ou cheia no Pantanal gera reflexos sociais para comunidades ribeirinhas, também envolve questões econômicas ligadas à navegação para transporte de minério de ferro e manganês.

Além de gerar impactos na Bolívia, pois o principal canal de escoamento de importação e exportação do país vizinho por meio fluvial é a partir do canal Tamengo, que é alimentado pelo rio Paraguai, na região de Corumbá. Conforme a análise do SBG, a forte estiagem no Pantanal persiste e vem sendo registrada desde 2020, principalmente nas estações de Cáceres (MT) como em Ladário.

Ambas são referências no monitoramento porque indicam o volume de água que vai descer pelo rio Paraguai (Cáceres) e como está se comportando as enchentes do Pantanal (Ladário).

O mesmo monitoramento também ocorre em 18 estações localizadas entre Barra dos Bugres (MT) e Porto Murtinho (MS).

As únicas estações que apresentam dados fora do esperado, conforme análise histórica, ficam em Ladário e Cáceres. “Os modelos indicam a tendência de estabilização do nível d’água na maioria das estações, o que é indicativo da proximidade do fim da estação de vazante nos rios da Bacia”, sugeriu o estudo o Serviço Geológico do Brasil.  Nas projeções feitas sobre o nível do rio Paraguai com base na previsão de chuva para as próximas semanas, a régua de Ladário começa a subir gradativamente neste mês.

“Considerando o início do período de chuvas, os modelos indicam a tendência de estabilização do nível d’água na maioria das estações. De acordo com o modelo GEFS/NCEP-NOAA, para as próximas duas semanas são previstos acumulados de chuva em torno de 64 mm na bacia”, aponta o SBG. No começo de dezembro, a régua em Ladário mostrava que o nível estava em 35 centímetros, em 2 de dezembro.

Essa medição aponta que a forte estiagem está persistindo porque a média histórica do rio para o mesmo período é de 1,31 m na mesma estação. Essa comparação é feita entre períodos de cheia e seca, ao longo do último século. Essas projeções, conforme o Serviço Brasileiro de Geologia, podem sofrer alteração por conta das condições climáticas que surgem.

“Os dados hidrológicos utilizados nos boletins são provenientes da Rede Hidrometeorológica Nacional de responsabilidade da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), operada pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e demais parceiros. Os dados de monitoramento de chuvas foram obtidos por meio do produto MERGE/GPM, disponibilizados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os dados de previsão de chuvas são provenientes do Centro de Previsão Climática da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (CPC/NOAA)”, detalhou a autarquia federal.

Seca mais extrema do século

Entre as décadas de 1960 e 1970, rio Paraguai enfrentou o pior período de estiagem até hoje registrado. Em 1964, a régua em Ladário registrou nível de -61 cm.

Nesse período, em Corumbá, havia uma estrada no Porto Geral que permitia as pessoas trafegarem de um lado para outro da margem com veículos, devido à baixa do volume de água. A estiagem prosseguiu até 1972. Ano passado, houve o registro da segunda pior estiagem em 121 anos de dados coletados.

O nível chegou próximo do -61 cm em meados de outubro, mas chuvas ajudaram a retomar o volume.

O período de seca no Pantanal tem sido registrado desde o final de 2019 e prossegue até hoje.

Além da questão de falta de chuva, o calor intenso na região do Pantanal também gera impacto na redução do volume de água.

Avaliação divulgada em setembro deste ano pelo meteorologista Natálio Abrahão indicou que temperaturas acima dos 40º C em regiões do bioma permitem que a bacia perca 1,4 litro de água por metro quadrado a cada 10 horas.

Neste mês, só no município de Corumbá, houve registro de temperaturas nesse nível no dia 9 (41,4º C), no dia 8 (41,2º C).

Altas temperaturas também foram registradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em outras áreas da bacia do Paraguai.



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