Sábado, 27 de Julho de 2024
  • Sábado, 27 de Julho de 2024

Ucranianos adotam lenha em meio a falta de luz e gás às vésperas do inverno no hemisfério norte

Bombardeios russos destroem a infraestrutura do país dia após dia, enquanto a estação mais fria do ano se aproxima

R7 / INTERNACIONAL | POR AGêNCIA EFE


Lenha se tornou alternativa para driblar falta de gás e eletricidade - Rostyslav Averchuk/EFE - 15.12.2022

Com a infraestrutura de energia da Ucrânia danificada pelos ataques de mísseis e drones russos antes da chegada iminente do inverno, cada vez mais pessoas no país estão confiando na lenha para aquecer as casas.

Quando a cidade de Kramatorsk, no leste da Ucrânia, ficou sem abastecimento de gás depois que o único gasoduto de Kharkiv, no norte, foi atingido, Valentyn permaneceu calmo, sabendo que poderia usar fogões a lenha para aquecer a casa.

Apesar dos ataques da artilharia russa e das advertências de que poderia levar meses para o abastecimento de gás ser restabelecido, ele não estava disposto a deixar a casa onde vive há 60 anos. Tendo estocado madeira no verão, sentiu-se pronto para a estação fria, conforme disse à Agência EFE.

Embora Kramatorsk tenha retomado o recebimento de gás, a lenha sem dúvida será útil, pois os ataques russos continuam a ameaçar a infraestrutura energética ucraniana, e o impacto de fatores econômicos também está sendo sentido.

Embora os preços do gás tenham sido congelados pelas autoridades para reduzir a carga já suportada pela população atingida pela guerra, a capacidade dos ucranianos de pagá-los é limitada devido ao aumento maciço do desemprego e à queda do poder aquisitivo.

Em Lviv, no oeste do país, muitas casas ainda estão equipadas com fogões que datam do período entre guerras ou mesmo dos tempos do Império Austro-Húngaro. Eles foram projetados para queimar lenha, mas funcionaram a gás durante décadas.

Até a invasão russa, muita gente usava principalmente radiadores elétricos ou caldeiras a gás mais eficientes para aquecer os apartamentos. Porém, agora, com apagões que duram horas e temperaturas abaixo de zero, um número crescente de residências está redescobrindo a utilidade desses fogões.

Os moradores de um prédio no centro de Lviv contaram à EFE que os ambientes esquentam muito mais rápido com o uso de lenha.

Embora os preços da lenha também tenham aumentado de 50% a 60% ao ano em algumas regiões, a economia em comparação com o consumo de gás ainda é significativa.

Para lidar com o aumento da demanda e facilitar a compra de lenha pelos cidadãos, o governo da Ucrânia criou uma plataforma centralizada com ofertas de empresas do setor florestal e madeireiro.

Aqueles localizados em zonas de combate foram incapazes de manter o abastecimento devido à presença de minas nas florestas, portanto, as empresas no centro e oeste do país assumiram a maior parte da responsabilidade.

Em Lviv, um metro cúbico de lenha custa entre 1.200 e 1.500 grivnas (R$ 174 a R$ 217).

As empresas municipais estão agora armazenando os restos da poda e remoção de galhos, e mais de cem árvores derrubadas em Lviv na última tempestade serão usadas para aquecer 'pontos de invencibilidade' criados para fornecer abrigo a cidadãos afetados pelos apagões.

As autoridades também lançaram uma série de programas para garantir que as pessoas nas áreas de linha de frente recebam ao menos pequenas quantidades de lenha gratuitamente.

Em Izium e outras partes liberadas da região de Kharkiv, onde a infraestrutura foi severamente danificada, espera-se que cada residência receba 3 metros cúbicos de lenha.

Entretanto, este combustível é de pouca utilidade para os moradores de muitos dos prédios residenciais onde há apenas aquecimento centralizado a gás. Para eles, o inverno representa um grande desafio extra em meio ao grave conflito no país.

A Ucrânia quer transformar alguns dos cenários que a invasão russa no país tornou internacionalmente famosa em destinos turísticos para promover este setor e, ao mesmo tempo, ajudar a não esquecer o sofrimento e a destruição que sofreu nas mãos da Rússia

Genya Savilov/AFP - 16.11.2022

A informação foi confirmada à EFE por Mariana Oleskiv, presidente da Agência Estatal de Turismo e Desenvolvimento da Ucrânia, que participou em Praga da 104ª Assembleia Geral da Comissão Europeia de Viagens

AFP - 16.11.2022

Dessa forma, a destinos já conhecidos como a antiga central nuclear de Chernobyl, que em 2019 foi visitada por mais de 100 mil pessoas, a capital Kiev e a cidade patrimônio da Unesco de Lviv, querem agora adicionar 'novos produtos relacionados com a guerra'

Yuriy Dyachyshyn/AFP - 16.11.2022

Por enquanto, a agência estatal ucraniana começou a trabalhar com cidades como Bucha e Irpin, onde centenas de civis foram mortos por tropas russas. Oleskiv opinou que o turismo seria uma forma de “celebrar esses lugares', que foram símbolos dos combates e atrocidades cometidas pela Rússia na Ucrânia

AFP - 16.11.2022

“Tenho a certeza que as pessoas vão ter interesse em saber o que aconteceu', declarou, acrescentando que é importante “construir memoriais que recordem a guerra, alguns acontecimentos trágicos e de coragem'

AFP - 13.11.2022

Esse foco no turismo, segundo disse, é uma forma de preservar a memória histórica, agora que “estão frescos os acontecimentos dramáticos vividos' durante os nove meses que já duram a invasão russa. Outra parada deste futuro circuito turístico, que terá seu monumento comemorativo, será o aeroporto de Hostomel, libertado pelos soldados ucranianos

Oleksandr Gimanov/AFP - 14.11.2022

A prioridade agora é trabalhar com o turismo local, que caiu 50% em relação a 2021.Em todo o caso, os gestores de turismo ucranianos duvidam que já tenha chegado o momento de promover estes destinos turísticos, uma vez que a guerra continua e o país não pode relaxar

Genya Savilov/AFP - 12.11.2022

'Trabalhamos muito para vencer a guerra e todos precisamos recarregar nossas baterias e recuperar forças para continuar lutando por nós mesmos', comentou a principal responsável pela promoção do turismo ucraniano

Yuriy Dyachyshyn/AFP - 16.11.2022

Felizmente, segundo Oleskiv, a guerra não destruiu a infraestrutura turística. Em relação aos visitantes em potencial, a campanha de turismo na Ucrânia se concentrará naqueles que apoiaram a Ucrânia de alguma forma

Yuriy Dyachyshyn/AFP - 16.11.2022

'A mensagem é 'obrigado pelo apoio, pelas doações, por ajudar os refugiados e dar-lhes empregos. Agora precisamos que você venha e gaste dinheiro aqui. Ajude-nos financeiramente'', explicou Oleskiv, destacando que parte da estratégia seria conseguir o apoio de celebridades que visitaram a Ucrânia durante a guerra

AFP - 16.11.2022



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