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Estado foi falho ao dar liberdade a estuprador, avalia especialista
Marcos Willian Teixeira Timóteo, que estuprou e matou menina de 6 anos e já havia cometido o ato duas vezes, deveria ter passado por acompanhamento psicológico
Correio do Estado / Daiany Albuquerque
Marcos Willian Teixeira Timóteo, de 20 anos, apelidado de Gordinho, que estuprou, mais de uma vez, e matou a menina Emanuelly Victória de Souza, de apenas 6 anos, tinha outras duas passagens por violência sexual contra crianças quando ainda era um adolescente. Para psicóloga especialista em Avaliação Psicológica ouvida pelo Correio do Estado, pode ter havido falhas por parte do Estado ao dar liberdade a uma pessoa com esse histórico.
Conforme a psicóloga Izabelli Coleone, antes de ser posto em liberdade, Marcos Willian deveria ter sido alvo de uma bateria de testes e avaliações psicológicas que atestassem que ele estava apto a conviver em sociedade.
“Como ele vinha apresentando desde a adolescência situações voltadas para o crime de hoje, aí falta um esclarecimento muito grande, a falta de acompanhamento, e ver se realmente essa pessoa estava apropriada para retornar ao convívio social, o Estado falhou”, avalia a psicóloga.
“Deveria ter acontecido, sim, um acompanhamento psicológico nesse período que ele ficou na Unei, deveriam ter acontecido avaliações de amparo para saber se essa pessoa estava apropriada para ter convívio social, e, pelo fato dele estar foragido, estar respondendo por outros crimes, isso já é prova de que não, não era um indivíduo que estava reestruturado a ter esse contato social, mas infelizmente o nosso Estado foi falho nesse amparo e acabou, em certo aspecto, dando brecha para que talvez isso acontecesse. A gente não pode afirmar e também culpabilizar algo, mas isso foi um ponto crucial”, completou a especialista.
Como mostrou matéria do Correio do Estado, apesar de ter apenas 20 anos quando foi morto pela polícia após confronto, Marcos Willian já acumulava diversas passagens por crimes variados. Em 2018, quando tinha apenas 13 anos, Gordinho estreou no mundo do crime com um furto qualificado. No ano seguinte, com 14 anos, estuprou um bebê de 1 ano e 5 meses e jogou a criança no matagal. Nesta ocasião, a vítima sobreviveu.
Em 2020, ele voltou a praticar um estupro contra uma criança, desta vez, com a enteada, de apenas 11 anos. A mãe da menina descobriu quando desconfiou do comportamento estranho da criança, após ela voltar da escola. Ao ser questionada, ela contou o que aconteceu.
Quando praticou esses três crimes, Marcos era menor de idade e, como previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ele foi considerado inimputável penalmente, ou seja, não responsabilizado criminalmente como adulto. Por isso, foram aplicadas duas medidas socioeducativas para ele, na Unidade Educacional de Internação (Unei).
No ano passado, depois de quatro anos “longe” do crime, Marcos praticou injúria cometida no contexto de violência doméstica, que é quando o agressor utiliza palavras para ofender a dignidade ou o decoro da vítima, afetando sua honra, era por este crime que estava foragido.
DIAGNÓSTICO
Para a especialista em Avaliação Psicológica, como Marcos Willian foi morto em confronto com a polícia quando era procurado pela morte da pequena Emanuelly, será difícil chegar a um diagnóstico sobre o tipo de transtorno psiquiátrico do criminoso, entretanto, umas das possibilidades seria a pedofilia, porém, o diagnóstico poderia ser ainda maior, envolvendo outros transtornos.
“Quando a gente fala de uma pessoa que tem algum tipo de diagnóstico, isso deveria ter sido avaliado lá na sua adolescência. Quando aconteceu esses crimes já deveria ter tido, e aí não sei se isso aconteceu, avaliações com profissionais para eles darem um diagnóstico específico, para saber se havia ali algum desvio de personalidade, algum diagnóstico que dessas ações. Hoje, com ele maior de idade, estando na sociedade após estar preso, teve a oportunidade novamente de cometer esse crime que já o enquadraria, pelo ato da pedofilia”.
“Também existem pessoas que podem ter o transtorno de conduta, em que na verdade tem ali as ações de querer mesmo agredir, fazer maldade, ver o próximo sofrer”, complementa Izabelli. Conforme a psicóloga, todos esses casos ocorridos após sua internação na Unei poderiam ter sido evitados se houvesse acompanhamento efetivo. “Se ele estivesse sendo acompanhado com psiquiatra, com uso medicamentoso, a gente poderia ter prevenido muita coisa”.
CRIME
Emanuelly foi encontrada morta na madrugada de quarta-feira, na casa de Marcos Willian. O homem levou a criança da casa dos pais, os quais conhecia, na manhã do dia anterior, e teria passado cerca de três horas com a vítima, tempo em que a teria estuprado mais de uma vez e depois a estrangulado.
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