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CRM marca julgamento e pai espera punição exemplar por erro médico
Jovem fez cirurgia simples, mas saiu em estado neurovegetativo do hospital
Aline dos Santos / Campo Grande News
O CRM-MS (Conselho Regional de Medicina) marcou para a próxima quinta-feira (dia 23) o julgamento ético-profissional de dois médicos pelo caso da cirurgia de Roberto de Avelar Júnior, 34 anos, realizada em 25 de fevereiro de 2022, no Hospital do Pênfigo, em Campo Grande. O jovem entrou andando para fazer um procedimento cirúrgico simples, retirada de um pino do braço, e saiu neurovegetativo.
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O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) marcou para a próxima quinta-feira, dia 23, o julgamento ético-profissional de dois médicos envolvidos no caso de Roberto de Avelar Júnior, que ficou em estado neurovegetativo após uma cirurgia simples em fevereiro de 2022. O pai do paciente, vereador em Campo Grande, espera punição exemplar pelos erros médicos cometidos. A sessão será realizada por videoconferência e mantida sob sigilo, conforme normas administrativas. Os médicos Antônio Rodrigues de Pontes Neto, responsável pela anestesia, e Karin Kiefer Martins, então diretora do hospital, serão julgados. A família alega que a anestesia foi aplicada por profissional sem formação específica e que o paciente foi abandonado durante o procedimento, resultando em complicações graves. O CRM não divulgou detalhes sobre o processo, mas as penas podem variar de advertência à cassação do registro profissional.
“A minha expectativa é que as pessoas que cometeram esses erros médicos sejam exemplarmente punidas. Acabaram com a vida do meu filho. Tenho confiança que o CRM vai se pautar por questão ética. Os erros foram gigantes', diz Roberto Avelar, pai de Júnior e vereador pelo PP em Campo Grande.
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A sessão será por videoconferência, a partir das 19h, e cercada pelo sigilo que marca os processos administrativos. O pai não pode, por exemplo, comentar sobre pormenores da denúncia.
Conforme apurado pela reportagem, a sessão começa com a manifestação da defesa do paciente, que terá 10 minutos para a sua explanação.
O conselho vai analisar as condutas de Antônio Rodrigues de Pontes Neto, que aplicou a anestesia no paciente, e Karin Kiefer Martins, então diretora do hospital.
A defesa de Antônio informou que ele agradece o contato, mas não tem interesse em se manifestar no momento.
O CRM informou à reportagem que não repassa informações sobre a sessão, seja sobre a ordem do rito processual ou o nome dos médicos que vão participar. Mas as penas disciplinares vão de advertência confidencial à cassação do exercício profissional.
Já o Hospital Adventista do Pênfigo informou que segue colaborando e acompanhando os desdobramentos do processo legal e que todas as informações pertinentes ao caso constam nos autos do processo.
O caso - Conforme o vereador relatou em fevereiro ao Campo Grande News, antes de receber a anestesia, o filho estava com a frequência cardíaca de 38 batimentos por minuto, enquanto que o mínimo para o procedimento seria de 50 batimentos.
Segundo a família, o medicamento foi aplicado por médico sem formação em anestesiologia e que saiu da sala, não acompanhando o paciente. O grave quadro de Júnior, com bradicardia (batimentos lentos) e pele com coloração azulada (indicativo de falta de oxigenação já por alguns minutos) só foi notada por uma enfermeira circulante, que passa monitorando as salas do centro cirúrgico.
Quando foi dado o alerta, o cirurgião ortopedista não fez o socorro de imediato, com espera pelo colega que aplicou a anestesia. De acordo com resolução do Conselho Federal de Medicina, “o médico anestesista deve permanecer dentro da sala do procedimento, mantendo vigilância permanente, assistindo o paciente até o término do ato anestésico'.
Ainda conforme o pai, Júnior foi intubado e a chamada extubação deveria ser realizada, pelo menos, após 72 horas e com avaliação de parâmetros. Mas, no caso do filho, os aparelhos foram retirados duas horas depois. A manobra não teve sucesso e foi retomada a intubação. Alegando lapso (esquecimento), o procedimento de extubação não foi colocada no relatório.
Em interrogatório na 5ª Delegacia de Polícia Civil, o médico informou que o paciente entrou na lista de cirurgia por encaixe. Desta forma, não foram feitos exames pré-operatórios e nem avaliação pré-cirúrgica. O profissional conta que não foi informado que o paciente tinha perdido o baço num acidente e que não se ausentou do centro cirúrgico. Ainda alegou que o fato de não ser especialista não impede o ato médico..
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