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Sem Stabile, idealizadores de SAF no Corinthians apresentam projeto e admitem barreira a aprovação
Em evento sem presença do presidente corintiano, empresários por trás da SAFiel dizem que texto da reforma do estatuto inviabiliza proposta
GloboEsporte.com / Gabriel Oliveira
Os idealizadores da "SAFiel" apresentaram ao público nesta terça-feira a proposta de transformação do Corinthians em SAF (Sociedade Anômina de Futebol) com participação dos torcedores como acionistas.
Eles admitiram a dificuldade de convencer conselheiros e dirigentes a dar andamento ao projeto e disseram que o texto da reforma do estatuto em discussão no Conselho Deliberativo inviabiliza a implementação da SAFiel.
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O evento ocorreu em um auditório do Museu do Futebol, com a participação de convidados e jornalistas.
O presidente Osmar Stabile, que se reuniu com os responsáveis pelo projeto no fim de setembro, não compareceu à cerimônia.
Sem o dirigente, os idealizadores fizeram uma entrega simbólica da proposta a conselheiros e associados. De acordo com o empresário Carlos Teixeira, um dos idealizadores da SAFiel, a proposta será protocolada no Parque São Jorge nesta tarde.
O projeto da SAFiel é apresentado no momento em que o Conselho Deliberativo discute uma reforma no estatuto que abre caminho para criação de uma SAF, mas com a vedação expressa de que o controle majoritário da SAF seja adquirido por investidores externos, "de modo a assegurar que a gestão e o controle institucional permaneçam sob responsabilidade dos associados".
Conforme os idealizadores, o texto da reforma estatutária, do jeito que está, inviabiliza a implementação da SAFiel.
— Na prática, se o clube associativo quiser deter a maioria das ações, manda um sinal para o mercado de que quer continuar no comando. E isso, na nossa visão, afasta e dificulta a entrada de capital, pelo menos o capital mais sério e institucional. Ele não quer riscos, né? Infelizmente, o clube associativo é o maior responsável pela situação ter chegado onde chegou. Dificilmente um investidor entraria nesse cenário, afinal de contas, não haveria uma mudança do eixo de controle da gestão — destacou Carlos Teixeira.
Eduardo Salusse, outro idealizador do projeto, acredita que, havendo apoio no clube, é possível modificar o estatuto, seja qual for, para permitir a adoção da SAF.
— Eu acredito que, se tiver vontade, pouco importa o estatuto.
A SAFiel transformaria o Corinthians em SAF, com cultura empresarial e gestão profissional do futebol, que seria separado do clube social.
O projeto prevê que a SAF corintiana detenha todas as propriedades de futebol do Corinthians, masculino, feminino e categorias de base. Elas seriam separadas do clube social e migradas para uma nova empresa, chamada Invasão Fiel S/A.
Esta empresa seria uma holding com ações disponíveis para compra no mercado. Haveria duas classes de ações: uma destinada a torcedores investidores, obrigatoriamente sócios ou membros do programa Fiel Torcedor, com direito a voto na administração da SAF, e outra voltada a investidores institucionais não torcedores, sem direito a voto.
O projeto estipula que as ações sejam amplamente disponibilizadas aos torcedores, de diferentes faixas de renda. Entretanto, nenhum acionista poderia votar com mais de 1,8% do capital social, mesmo que a sua participação seja maior do que este percentual. Isso para evitar que algum investidor tenha poder excessivo.
A SAFiel estima que seria possível captar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 2,5 bilhões. Esses recursos seriam utilizados para reestruturar as dívidas, inclusive da Neo Química Arena, modernizar o CT, construir CT para base, investir no elenco e melhorar infraestrutura, sistemas, processos, compliance e governança.
O Corinthians tem dívida na casa dos R$ 2,7 bilhões, conforme o último balancete disponível.
O clube associativo, separado do futebol, receberia royalties mensais da SAF, se livraria das dívidas e poderia se dedicar às suas atividades esportivas e sociais.
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A SAF do Corinthians proposta pela SAFiel teria Comitê de Governança, além de conselhos administrativo, fiscal e cultural.
Esses órgãos contariam com gestores independentes, bem como indicações de torcedores com direito a voto, torcidas organizadas e representantes do Parque São Jorge.
Segundo o projeto, a administração seria realizada por executivos profissionais, "contratados ou demitidos com base em capacidade e cumprimento das metas".
— A SAFiel é um projeto construído a várias mãos. É real e nasce com um propósito claro: ajudar o Corinthians a encontrar seu caminho sem perder com isso a alma popular que o torna único. Nós, os idealizadores, temos apenas um propósito: ajudar o Corinthians. Somos apenas corintianos. Não temos nenhum interesse econômico, político ou de cargos na SAFiel — declarou Carlos Teixeira no evento.
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