D10ses: Messi faz 'milagre' e iguala Maradona no panteão de ídolos argentinos

O último título que separava Messi de Maradona no panteão dos ídolos argentinos foi conquistado neste domingo (18), no estádio Lusail. Pelo menos materialmente, as comparações agora são possíveis depois do tricampeonato da Copa do Mundo no Catar, com a vitória sobre a França na final. E em qualquer paralelo, o desempate fica para questões metafísicas.

Maradona tem uma igreja feita para si, onde é tratado como santo. Messi não. Ou pelo menos ainda não. Tudo depende da beatificação que os argentinos planejam para o capitão que ergueu o troféu no estádio Lusail. Milagre não falta. Ou como chamar o feito de ganhar uma Copa improvável aos 35 anos após anos de questionamentos e um anúncio de aposentadoria?

Até a consagração definitiva no Catar, Messi teve que enfrentar desconfianças da torcida argentina – menos sobre o futebol, mais sobre – acreditem – se o craque era argentino de fato.

A estreia foi em 2006, e com gol, mas, jovem, Messi não foi cobrado. A situação muda em 2010. Na África do Sul, apagado, comandado por Maradona, o meia viu cair sobre si, com força, os questionamento se tinha de fato o espírito argentino de encarar o futebol, a seleção, a vida e tudo mais.

Messi deixou Rosário rumo a Barcelona com somente 13 anos, e se formou jogador no clube catalão. Daí as dúvidas, que cresceram no mesmo ritmo em que aumentava a seca Argentina de títulos. O último havia sido uma Copa América em 1993 – a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, com time sub-23, não era considerado na conta.

Maradona ganhou sua Copa com a Argentina aos 26 anos em 1986, no México. O craque vivia o auge da carreira e liderou a seleção ao título numa campanha cheia de momentos históricos e decisivos. Enfim, era um homem feito.

Em 2014 Messi tinha 27 anos, um a mais que Maradona no bi, e o Brasil parecia o palco perfeito para consagrar o craque. Depois de uma primeira fase brilhante, Messi foi aos poucos “sumindo' no mata-mata, e perde a final para a Alemanha no Maracanã. As críticas aumentaram, e o craque dava sinais de cansaço com a camisa da Seleção.

No ciclo para 2018, a Argentina teve duas chances de acabar com o jejum, mas perde duas finais de Copa América seguidas.

Em 2016, após a derrota na final, Messi chega a anunciar a aposentadoria da Seleção. A notícia causa uma comoção mundial – e rende alguns memes. Uma onda de pedidos pela desistência corre a comunidade do futebol e “fura a bolha' boleira, chegando inclusive ao xará Lionel Richie, cantor norte-americano.

“Ele é um Lionel! Não pode dar errado', disse o músico, que inspirou os pais de Messi a batizar o filho.

Messi voltou, mas sucumbiu em uma seleção desorganizada montada por Jorge Sampaoli. E a Argentina caiu nas oitavas de final da Copa da Rússia, em 2018.

Os argentinos fizeram uma conta básica: Messi teria 35 anos no Mundial do Catar; teria condições de liderar a Argentina rumo ao tri? Antes, porém, deu tempo de tirar a seleção da fila com o título da Copa América de 2019 contra o Brasil, num Maracanã vazio pela pandemia de Covid-19. Sinais.

A resposta para a pergunta feita 2018 foi finalmente dada em campo. E o camisa 10 guardou para a despedida sua maior atuação em Copas: dois gols na final e título – justamente o primeiro mundial após a morte de Maradona. Se Diego é santo, Messi fez seu milagre aos 35 anos, no Catar.

Messi:

Copa do Mundo - 2022

Copa América – 2021

Finalissíma – 2022

Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos da China – 2008

Copa do Mundo FIFA Sub-20 – 2005

Maradona:

Copa do Mundo – 1986

Troféu Artemio Franchi – 1993

Copa do Mundo Sub-20 - 1979

Li e concordo com os Termos de Uso e Políticas de Privacidade