Sexta, 26 de Julho de 2024
  • Sexta, 26 de Julho de 2024

Messi não precisou ser Maradona, só precisou ser Messi: campeão, decisivo, capitão e gênio

Camisa 10 faz dois gols na final da Copa e finalmente conquista o tão sonhado título

GLOBOESPORTE.COM / MARTíN FERNANDEZ


Lionel Messi vibra com o título da Argentina na Copa do Mundo — Foto: REUTERS/Dylan Martinez

No maior palco possível, na despedida, na última chance de ganhar a Copa do Mundo, Lionel Messi não precisou ser Diego Maradona. Na histórica e dramática vitória nos pênaltis sobre a França, após um empate por 3 a 3 na prorrogação, Messi precisou ser Messi: campeão, artilheiro, capitão, gênio e, desde agora e para sempre para os argentinos, também deus.

Messi foi soterrado por abraços no círculo central assim que Gonzalo Montiel converteu o pênalti decisivo contra a França. Quando conseguiu se livrar dos companheiros que o cercavam, todos ajoelhados no gramado sagrado do Lusail, Messi caminhou sozinho. Parou em frente à torcida da Argentina, mandou beijos para a multidão, ergueu os dois braços e fez o sinal típico de quem diz "acabou".

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Acabou a espera de 36 anos sem título mundial, acabaram as dúvidas sobre o tamanho de Lionel Andres Messi Cuccittini na história do futebol mundial. O troféu de 36,8 centímetros de altura e seis quilos de ouro puro, beijado pelo craque na premiação, finalmente deixou de ser uma miragem para Messi.

Para conquistar o título que lhe faltava, para preencher o espaço vazio que tanto incômodo gerava, Messi teve que esperar até sua quinta e última Copa do Mundo. E teve que entregar a maior atuação de uma carreira de 1.002 jogos, incontáveis recordes batidos, títulos e prêmios individuais.

O camisa 10 precisou fazer tudo. De trás para frente: foi o primeiro argentino a cobrar seu pênalti – e logo depois que Mbappé havia convertido a primeira cobrança para a França. Na prorrogação, após o 2 a 2 no tempo normal, foi dele o gol que desempatou o jogo e iludiu o mundo durante alguns minutos.

Quando tudo parecia perdido, no mesmo segundo tempo da prorrogação em que Mario Goetze matou o sonho argentino em 2014, Lionel Messi fez o que havia feito poucas vezes na final da Copa do Mundo. Messi correu.

Correu, invadiu a pequena área da França, aproveitou o rebote de Lloris no chute de Lautaro Martínez e usou seu pé direito, o pé "ruim" – o pé que ele ainda não havia usado nesta Copa, para deixar o placar em 3 a 2 para a Argentina.

Parecia um roteiro superior ao de 1986, quando a Argentina também fez 2 a 0 na final contra a Alemanha, também cedeu o empate, e Maradona sacou um passe mágico para Burruchaga fazer 3 a 2 e garantir o segundo título Mundial da Argentina. Em Doha, Messi fez ele próprio o terceiro gol.

Mas o outro 10 em campo, Kylian Mbappé, empataria de novo e mandaria a decisão para os penais.

Ao longo do tempo normal, o gênio precisou de pouco para fazer muito. Pouco espaço, pouco tempo. Só o suficiente para receber um passe que vinha na altura do joelho, dominar com a parte interna do pé esquerdo, e passar com o peito do mesmo pé esquerdo, na medida perfeita para Julian Alvarez, que disparava pela direita, quase em cima da linha lateral.

Tudo isso de costas para o gol, com Varane às suas costas, Upamecano tentando chegar, Rabbiot em dúvida, Tchouameni perdido, Hernández atrasado, a França inteira atordoada com o gênio. Alvarez de primeira para Mac Allister, de primeira para Di Maria, de primeira para o gol: 2 a 0.

O primeiro gol argentino no jogo também havia sido dele. Quando Di Maria foi derrubado por Dembelé, aos 21 minutos do primeiro tempo. Messi manteve-se alheio a tudo. Pôs a bola debaixo do braço enquanto franceses protestavam com o árbitro e argentinos protestavam contra os protestos dos franceses.

Assim que a confusão se dissipou, pôs a bola na marca, deu oito passos para trás e bateu com a precisão habitual, à esquerda de Lloris, que se lançou para o lado errado. Primeiro jogador da história a anotar em todas as fases eliminatórias da Copa do Mundo. Depois da corrida e da deslizada na grama, Messi sumiu, desapareceu, engolido pelos colegas de time.

Depois que Mbappé revolucionou o jogo com dois gols, aos 35 e aos 36 minutos do segundo tempo, Messi precisou resgatar a Argentina de novo. No último lance do tempo normal, obrigou o goleiro francês Hugo Lloris a fazer uma defesa difícil num chute de longe. Na prorrogação, foi sempre a única rota da Argentina para o ataque.

Sua simples presença no campo sempre foi suficiente para causar pânico entre seus marcadores. Não se abalou nem quando Mbappé fez cada um de seus três gols. O muro humano azul e celeste atrás do gol reconheceu. "Messi, Messi", a multidão curvava o corpo para a frente, os braços estendidos para a frente. A reverência total, o agradecimento sincero. Desde hoje, e para sempre, para eles Messi também é deus.



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