Sexta, 26 de Julho de 2024
  • Sexta, 26 de Julho de 2024

10 mandamentos do tri: veja as histórias que conduziram Argentina ao título da Copa

Capitaneados pela melhor versão de Messi, argentinos tiveram apoio da família e da torcida, um técnico audacioso e um elenco inspirado pela devoção e legado de Diego Armando Maradona

GLOBOESPORTE.COM / EMILIO BOTTA


Melhores momentos: Argentina 3 (4) X (2) 3 França pela final da Copa do Mundo 2022

A Argentina não chegou pronta para ser campeã no Catar. A construção do time que conquistou o mundo neste domingo, ao vencer a França por 4 a 2 nos pênaltis, após empate no tempo normal e prorrogação por 3 a 3, no estádio Lusail, foi recebendo aos poucos os tijolos que consolidaram o alicerce de um time inquestionável.

Foram 36 anos de espera para o tricampeonato. As diversas gerações que passaram durante a Era Lionel Messi acumularam fracassos, um quase título em 2014 até a redenção no último ato do seu maior jogador, que se despede da Copa do Mundo com o sabor de erguer o troféu mais cobiçado do futebol mundial.

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Abaixo, o ge mostra dez momentos que mudaram, fortaleceram e construíram o título da Copa do Mundo conquistado pela Argentina.

Lo Celso: o corte que uniu

Cortado pouco antes da disputa do Mundial em virtude de uma lesão muscular na coxa direita, o meia Giovani Lo Celso diminuiu muito a expectativa dos torcedores argentinos para a Copa do Mundo.

Aos 26 anos, o meia era considerado o jogador mais efetivo depois de Messi, sendo apontado como um pilar importante para que o camisa 10 tivesse maior possibilidade de brilhar no Catar.

O corte causou uma comoção não apenas entre os torcedores, mas entre os jogadores do elenco. A união em torno da ausência de um dos seus principais nomes ajudou no processo de colocar todos os convocados focados no objetivo de encerrar o jejum de 36 anos sem um título de Copa do Mundo.

Mesmo cortado, Lo Celso viajou para o Catar e acompanhou todos os jogos da Argentina na Copa, sendo figura constante nas comemorações dentro e fora de campo.

A base chegou forte

Enzo Fernández, Mac Allister e De Paul formaram trinca essencial na construção do meio-campo de Scaloni.

Foi a partir da lacuna deixada por Lo Celso que o treinador buscou e encontrou soluções que não só deram conta do recado, mas também uma perspectiva ainda maior para o ciclo visando a Copa que será disputada no Canadá, México e Estados Unidos, em 2026.

Com 21 e 23 anos, respectivamente, Enzo e Mac Allister são vistos como pilares da construção do meio-campo argentino após a saída de Lionel Messi.

O volante Enzo Fernández foi eleito a revelação da Copa do Mundo.

O susto da estreia

A derrota para a Arábia Saudita na estreia da Copa parece ter acontecido "na hora certa". Da possibilidade de eliminação precoce logo na segunda rodada, a Argentina arrancou para a classificação como melhor do Grupo C até a final, com uma evolução jogo a jogo e um amadurecimento que tornou-se obrigatório com a surpreendente vitória saudita.

A pressão em torno da obrigação da vitória fez bem ao time argentino, que passou a contar ainda mais com o apoio dos torcedores em uma avalanche de energias positivas fora de campo. Dentro dele, Messi e os jovens jogadores dividiram a responsabilidade de confirmar o favoritismo de uma seleção que chegou ao Catar ostentando uma série invicta de 36 jogos.

Scaloneta

Se os jogadores assumiram um importante papel, Lionel Scaloni pode ser apontado como o grande maestro de um time que aos poucos foi encontrando a sintonia perfeita.

Sem medo de mudar ou de buscar alternativas, o treinador alterou peças, esquema tático e abusou das variações para extrair o que de melhor a Argentina tinha nas mais diferentes situações dentro do Mundial, seja precisando confirmar o favoritismo contra um adversário frágil até encarar uma pedra no sapato, como a Holanda.

Scaloni nunca repetiu escalação de um jogo para outro na Copa.

No campo tático, a Argentina procurou se encaixar a cada adversário na competição. Houve o tradicional time das 36 partidas de invencibilidade com três atacantes, mas também formações com quatro meio-campistas ou até três zagueiros.

Na final, reiventou um lesionado e instável Di María. O atacante acabou com o jogo, sendo peça-chave para a conquista do título e de um primeiro tempo praticamente perfeito da Argentina, que abriu dois gols de vantagem, sofreu o empate e viveu as mais diversas emoções na prorrogação até conquistar o título nos pênaltis.

Faltava um goleiro. Faltava.

E quando o assunto é pênalti, a Argentina viu em Emiliano Martínez o grande personagem que faltava. Com uma defesa na disputa contra a França na final, o goleiro coroou a grande Copa do Mundo que fez e preencheu a lacuna que há décadas foi aberta na meta argentina.

O gol vinha sendo o grande problema da Argentina nas últimas Copas. Mas não estamos falando da seca de atacantes, mas, sim, do jogador que está em campo para evitá-los. Há pouco mais de um ano sendo convocado com frequência, Emiliano Martínez ganhou status de popstar e titular absoluto de Lionel Scaloni.

"Dibu", como é conhecido, venceu a desconfiança e ganhou a vaga de titular da Argentina com grandes atuações na Copa América, quando foi campeão na final contra o Brasil. O goleiro defendeu dois pênaltis na semifinal contra a Colômbia e tornou-se muito popular pela maneira como comemora as defesas em campo.

Na Copa do Mundo, após uma primeira fase sem grandes exigências ou culpa pelos gols sofridos contra a Arábia Saudita, Emi Martínez brilhou na decisão ao defender dois pênaltis contra a Holanda nas quartas de final (veja no vídeo abaixo), além de demonstrar muita segurança.

Emi Martínez fez ainda uma defesaça em chute de Kolo, no fim da prorrogação, responsável por levar a decisão aos pênaltis. Ele teve o trabalho coroado com a eleição de melhor goleiro da Copa do Mundo.

Invasão argentina

O Catar viveu uma invasão argentina para a Copa do Mundo. Foram milhares de torcedores espalhados pelo país e concentrados em um só objetivo: acompanhar todos os jogos possíveis. Contra a Holanda, por exemplo, foram mais de 30 mil argentinos contra modestos mil torcedores holandeses.

A loucura é tanta que alguns torcedores chegaram a protestar pela falta de ingressos antes da final contra a França.

Dentro de campo, o apoio impressionou ao ponto de os jogos da Argentina parecerem que estavam sendo disputados no país da América do Sul.

Apoio da família

Entre os torcedores argentinos que invadiram o Catar, alguns são ainda mais especiais: os familiares dos jogadores. A maioria deles levaram esposas, filhos e os pais para acompanhar os jogos.

A importância dos familiares vai além do reforço na torcida em dias de jogos. Nas folgas, são eles que acabam ajudando os jogadores a esquecer a pressão e o isolamento.

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A família Messi tem roubado a cena em dias de jogos e é importante para o craque argentino nos dias de descanso. Antonella e os filhos Mateo, Thiago e Ciro estão no Catar acompanhando a última Copa do Mundo de Lionel.

A melhor Copa de Messi

O apoio dos familiares pode ter sido um diferencial para o desempenho de Messi dentro de campo. O meia argentino tem feito jus ao papel de líder e sendo o grande protagonista. Com sete gols e três assistências, o camisa 10 desfrutou da sua melhor Copa aos 35 anos.

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E o grande desejo de conquistar o título que lhe faltava na carreira pareceu impulsionar Messi a dar outro destino ao que aconteceu em 2014, quando ficou com o vice-campeonato.

Ao todo, Messi marcou 98 gols pela Argentina, sendo o terceiro maior artilheiro de uma seleção nacional, segundo dados da Fifa. A média supera 0,5 gol por partida. Com as 52 assistências no período, Messi tem 150 participações diretas em gols em 171 jogos (média de 0,87 por partida).

O amuleto Agüero

Podemos considerar que o ex-atacante Kun Agüero foi o 27º convocado da Argentina para a Copa do Mundo. Aposentado há um ano após descobrir problemas cardíacos, o ex-atacante se fez presente do começo ao fim no Catar.

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A ida de Agüero para a Copa começou com um voo recheado de brasileiros. O que poderia ser um sinal de uma trajetória ruim para os argentinos acabou tornando-se um enredo de amor ao país e aos ex-colegas de seleção.

Além de vestir o uniforme e prestigiar alguns treinamentos, Agüero dormiu na concentração às vésperas da final da Copa do Mundo, segundo informações da "TyC Sports". O ex-atacante voltou a dividir o espaço com Lionel Messi, antigo companheiro de quarto e que estava sem companhia durante todo o Mundial.

Além de Agüero, a AFA abriu a concentração para outros três jogadores: Lo Celso, Nico González e Joaquín Correa, que perderam o Mundial do Catar por problemas físicos.

A fé eterna por Maradona

Diego Armando Maradona é uma espécie de religião na Argentina. A devoção pelo seu maior ídolo alimentou a fé para que uma nova história fosse escrita por seu sucessor: Lionel Messi.

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Há pouco mais de dois anos da sua morte, a Argentina também tem como um dos objetivos dedicar o título em memória de quem foi o grande protagonista do último título, conquistado em 1986. A mística envolvendo as diversas histórias daquela conquista são usadas como referência para tentar ligar as conquistas.

A grande semelhança talvez tenha sido o "espírito maradoniano" encarado por Messi no Mundial, que teria sido mais líder, provocador e decisivo como nunca antes visto na seleção argentina.



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