Segunda, 08 de Julho de 2024
  • Segunda, 08 de Julho de 2024

Vice do Corinthians admite que contratou detetive, mas nega investigação paralela de "laranja"

Armando Mendonça foi ouvido nesta quinta-feira sobre ter contratado um detetive particular para investigar a Neoway; ele exige atitude de conselheiros: "Questão muito grave"

GLOBOESPORTE.COM / JOãO DALL\'ARA*


Armando Mendonça, vice do Corinthians, detalha depoimento à Polícia sobre contratação de detetive

O segundo vice-presidente do Corinthians, Armando Mendonça, prestou depoimento na tarde desta quinta-feira sobre a contratação de um detetive particular para investigar a Neoway Soluções Integradas, empresa “laranja' que recebeu repasse acima de R$ 1 milhão da Rede Social Media Design, intermediária do contrato com a VaideBet.

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Em oitiva que durou pouco mais de três horas, o dirigente, que rompeu politicamente com o presidente Augusto Melo, deu detalhes sobre o ocorrido. Armando Mendonça foi ouvido sob condição de testemunha na 3ª Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção a Cidadania (DPPC). O delegado responsável é Tiago Fernando Correia.

O vice-presidente do Corinthians disse que não fez investigação paralela, apenas solicitou levantamento de dados públicos da empresa Neoway depois de receber informações do possível repasse da comissão para um "laranja". Armando disse que o objetivo é saber o caminho do dinheiro e quem mandou executar as possíveis irregularidades.

– Eu nunca fiz uma investigação paralela, o que fiz foi quando tive o conhecimento através da informação do jornalista, que todos têm conhecimento, pedi para que fossem levantadas informações simples, informações públicas da empresa Neoway. Apenas então somente isso. Eu queria saber quem que era a empresa Neoway. Após conhecimento de quem era essa empresa e de que o jornalista estava falando a verdade, fui conversar com o presidente Augusto Melo, e aí vocês sabem o que aconteceu, o que ele decidiu não fazer e as consequências que ocasionaram.

– Espero que a autoridade policial conclua a sua investigação. Eu tenho certeza que a autoridade policial está fazendo um belo trabalho, como sempre fez junto com o Ministério Público. Espero que a autoridade policial encontre o caminho do dinheiro e, principalmente, a mando de quem foram feitas essas irregularidades. E dentro do clube, eu como vice-presidente, exijo e espero que seja imediatamente averiguada a questão de que estão divulgando de que o intermediador disse que não houve intermediação. Isso é muito grave, isso é uma questão muito grave. Nós ouvimos em vários podcasts, em várias entrevistas coletivas que, inclusive, houve negociação do valor da comissão de 20 para 5 para 10 e para 7 [%] e pelo que consta na mídia, pelo que vocês dizem, o Alex diz que nunca negociou absolutamente nada e isso é muito grave. Então, você é conselheiro, que em vez de postar mensagens subliminares na sua rede social debochando de pessoas sérias, você precisa tomar atitudes imediatas dentro do Corinthians. É isso que eu gostaria – disse Armando.

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Armando Mendonça, citado em uma queixa-crime movida por Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing do Corinthians, prestou depoimento no mês passado no Drade (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva) e assegurou que alertou Augusto Melo sobre uma possível fraude a partir da intermediação do antigo contrato com a VaideBet.

– Já no dia 8 de maio de 2024, informei ao presidente Augusto Melo que a empresa intermediadora do nosso patrocínio máster à época (VaideBet), a Rede Social Media, de São José dos Campos, recebeu um valor de patrocínio e que o dinheiro estava sendo desviado para uma conta de uma pessoa física, que é sócia de uma (empresa) “laranja' – relatou às autoridades, em depoimento no qual o ge teve acesso.

– No dia 8 de maio de 2024, estive na sala do presidente Augusto Melo, no Parque São Jorge, e relatei que havia recebido informações que entendia gravíssimas e que o presidente do Sport Club Corinthians Paulista, como mandatário responsável pelo clube, deveria tomar imediatas providências, antes que tais informações se tornassem públicas e a gestão fosse acusada de omissão – acrescentou.

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Ainda no depoimento cedido no mês passado, Armando Mendonça diz que foi procurado pelo jornalista Juca Kfouri, em meados do mês de maio, com as informações suspeitas que o levaram a procurar Augusto Melo internamente no Corinthians.

O segundo vice-presidente do Corinthians ainda afirmou naquela ocasião que pediu para o Corinthians parar de pagar a intermediação para a Rede Social Media Design, empresa de Alex Cassundé, que também prestou depoimento sobre o caso à Polícia Civil.

Ao todo, a empresa de Cassundé recebeu R$ 1,4 milhão pelo negócio. Em depoimento, o sócio da Rede Social Media Design assegurou que foi o Corinthians quem o procurou para pagar pela intermediação, já que não havia cobrado por apresentar a casa de apostas ao clube.

Entenda o caso

VaideBet e Corinthians romperam o contrato no dia 7 de junho, cinco meses depois de celebrarem o maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro.

A crise se instaurou no dia 27, quando a patrocinadora máster notificou o clube extrajudicialmente pedindo esclarecimento em torno das notícias envolvendo o possível repasse de parte comissão do intermediário para um "laranja". O contrato firmado previa R$ 370 milhões ao clube e era válido até o fim de 2026.

Além da notificação da VaideBet, Augusto Melo recebeu um pedido da Polícia Civil, que também cobra respostas e pediu acesso ao contrato com a empresa.

A Polícia abriu inquérito e busca esclarecimentos da denúncia feita pelo "Blog do Juca Kfouri" de que a Rede Social Media Design, empresa que intermediou o contrato de patrocínio, supostamente repassou parte do valor recebido em comissão a uma empresa "laranja", chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda.

Essa empresa está no nome Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma. Até o encerramento do acordo, duas parcelas de R$ 700 mil foram repassadas pelo clube para o intermediário que está registrado no contrato de patrocínio.

A notícia não agradou à VaideBet, que entendeu ter a imagem prejudicada com as inúmeras especulações em torno do contrato com o Corinthians.

Em notificação enviada em 27 de maio, a empresa informa que os fatos narrados representam efetiva violação da cláusula anticorrupção do contrato de patrocínio e deu dez dias para que o Corinthians apresente explicações sobre o caso.

O clube respondeu aos questionamentos, alegando estar contribuindo com as investigações.

O Corinthians notificou extrajudicialmente a empresa intermediária, que tem como sócio Alex Cassundé, prestador de serviços durante a campanha de Augusto Melo à presidência. O clube ainda aguarda explicações sobre o suposto “laranja'.

Na sexta-feira (7 de junho), a VaideBet optou por rescindir o contrato usando como argumento a cláusula anticorrupção.

Assinado no começo do ano, o vínculo entre Corinthians e VaideBet tinha validade até o fim de 2026 e previa o pagamento de R$ 370 milhões – o clube recebeu cerca de R$ 66 milhões desde janeiro. Em nota, o clube alfinetou a empresa pelo rompimento.

A Polícia tinha indícios da possibilidade de uma investigação paralela no caso, com a contratação até de um detetive particular. O alvo era a Neoway sob a suspeita interna de ser uma empresa "laranja".

Em depoimento, com a liberação do contratante, Felipe de Lacerda, o detetive particular, afirmou que Armando Mendonça, segundo vice-presidente do Corinthians, foi quem o contratou pelo serviço.

Na investigação particular sobre a Neoway, Adriana Ramuno, identificada primeiramente como "Ana" por Edna Oliveira dos Santos, citada como "laranja" na investigação, acabou ouvida pelas autoridades na capital paulista.

Em oitiva que durou cerca de uma hora, Adriana Ramuno afirmou que era funcionária de um detetive particular e se dirigiu a Peruíbe para realizar duas perguntas a Edna: se ela morava no local e se tinha conhecimento sobre a Neoway Soluções Integradas, empresa que supostamente recebeu os repasses da intermediadora do acordo.

Ainda em depoimento, Adriana relatou desconhecer qualquer informação sobre o cliente responsável pela contratação do escritório de detetive particular. A funcionária assegurou ser padrão não ter detalhes sobre os contratantes, como no caso da investigação que a levou até Edna.

A funcionária do detetive particular foi a segunda testemunha ouvida nesse caso. Ela foi reconhecida por foto por Edna e acabou convocada a depor na última terça-feira.

O chefe de Adriana Ramuno, identificado por enquanto apenas como Felipe, também será intimado a prestar esclarecimentos nas próximas semanas.

A empresa de Cassundé, que só teve tempo de receber R$ 1,4 milhão dos R$ 25 milhões acordados pela intermediação, é alvo de investigação por supostamente ter feito dois repasses (R$ 900 mil no total) para a Neoway Soluções Integradas, tratada pela Polícia como empresa "fantasma".

*Colaborou sob supervisão de Diego Ribeiro

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