Mãe relata abalo da filha após racismo em escola de Araraquara

Caso veio à tona após vigilante denunciar professora por reproduzir ato racista diante de colegas; educadora foi desligada

A Cidade ON/Da Redação


A mãe de uma estudante da escola estadual Angelina Lia Rolfsen, no Cecap, em Araraquara, relatou que a filha ficou abalada emocionalmente e vinha sofrendo episódios de preconceito há dois anos dentro da unidade de ensino. O relato foi feito após vir a público o caso em que uma professora ironizou a situação e reproduziu gestos racistas para outros educadores.

A denúncia foi registrada por uma vigilante de 38 anos que presenciou um aluno imitando macaco para a adolescente no dia 28 de agosto. No dia seguinte, a funcionária afirmou ter visto a professora que havia sido comunicada sobre o caso repetir o gesto em tom de zombaria. A ocorrência foi registrada como injúria racial.

Em entrevista à EPTV Central, nesta sexta-feira (5), a mãe — que preferiu não se identificar — relatou que a filha ficou abalada com a situação ocorrida no ambiente escolar. A mulher revelou surpresa ao ver que uma professora havia ironizado e reproduzido o gesto de “macaco' para colegas.

“Ela [filha] perguntou por que fizeram isso e se realmente não era uma macaca. Respondi ‘filha, você não é uma macaca, mas um ser humano como qualquer outro’. Já tem dois anos que ela sofre preconceito na escola e só veio à tona mesmo por causa da vigilante, que também é negra e se sentiu ofendida pela minha filha. A diretora da escola não falou em momento algum que havia uma terceira pessoa no meio', explicou a mãe.

O caso foi registrado, segue em investigação pela Polícia Civil e a professora foi afastada de suas funções pela secretaria estadual da Educação. Não foi informado, porém, quais medidas foram adotadas em relação aos estudantes que fizeram os gestos para a adolescente.

Uma vigilante de 38 anos denunciou um caso de racismo na escola estadual Angelina Lia Rolfsen, no Cecap, região sul de Araraquara. O episódio ocorreu em 28 de agosto, quando ela presenciou um aluno imitando gestos de macaco direcionados a uma estudante negra.

À Polícia, a vítima informou que, ao relatar o caso para a professora do aluno, presenciou, no dia seguinte, a docente repetindo os gestos diante de outros colegas, em tom de zombaria. A ocorrência foi registrada no Plantão Policial, que enquadrou a conduta como crime de injúria racial.

A secretaria estadual da Educação informou, em nota, que o vínculo da docente com a rede foi encerrado e que foi aberta apuração preliminar. Além disso, um psicólogo do programa Psicólogos nas Escolas foi designado para acompanhar a funcionária e a aluna envolvida.

Os responsáveis pelos estudantes foram convocados para esclarecimentos, e o caso também foi registrado no sistema Conviva SP, de monitoramento da convivência escolar. A pasta destacou que repudia qualquer forma de racismo dentro ou fora do ambiente escolar e que a comunidade receberá apoio em ações educativas contra a discriminação.

A professora, por sua vez, compareceu nesta quinta-feira (4) à delegacia voluntariamente para prestar esclarecimentos e disse que “jamais teve a intenção de ofender' a vítima. Ela relatou ainda ter pedido desculpas pelo ato.


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