Indígenas Guarani-Kaiowá deixam fazenda em Caarapó e retornam à área de retomada

Grupo afirma que ação foi motivada por sequestro de adolescente e contaminação por agrotóxicos

Inara Silva / Campo Grande News


Os indígenas Guarani-Kaiowá que ocuparam a sede da Fazenda Ipuitã, na manhã de sábado (25), em Caarapó (MS), a 274 km de Campo Grande, deixaram o local no mesmo dia. Segundo o coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Matias Rempel, o grupo voltou para a área de retomada onde estava desde 21 de setembro.

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A comunidade alega que, desde 2019, vem denunciando casos de intoxicação pelo uso de agrotóxicos próximo à área ocupada. Por isso, deve permanecer na Terra Indígena Guyraroká, onde aguarda providências das autoridades em relação às reivindicações.

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Em nota, entidades do agronegócio de Mato Grosso do Sul repudiaram o ataque ocorrido ontem e classificaram o episódio como “ato criminoso' e “violação grave do direito de propriedade'. As instituições relataram que o grupo incendiou maquinários agrícolas, insumos, a sede e toda a estrutura da fazenda, provocando prejuízos considerados incalculáveis e impedindo o trabalho no local.

A comunidade Guyraroká, por outro lado, afirma que o ato foi motivado pelo sequestro de uma adolescente de 17 anos e pela reivindicação de que a Terra Indígena não seja mais contaminada. O Cimi confirmou o sequestro da adolescente, que teria sido resgatada na sede da fazenda, e negou a presença de indígenas armados.

O caso reacende o histórico de tensões na região, marcada por disputas fundiárias e reivindicações indígenas em torno da demarcação de terras. A Fazenda Ipuitã está sobreposta ao território tradicional, que teve 11,4 mil hectares reconhecidos como posse indígena pelo Ministério da Justiça em 2009.

Em 2014, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a demarcação, aplicando a tese do marco temporal, sem consultar a comunidade. Hoje, apenas 50 hectares permanecem ocupados pelas famílias na Terra Indígena Guyraroká.

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