Aldo Rabelo diz que ‘teria decretado o Estado de Sítio’ para salvar Dilma

Ex-ministro de governos petistas alega que seria o cumprimento de uma prerrogativa presidencial, e não um ato golpista; usando essa lógica, questiona a ideia de que Jair Bolsonaro liderou um golpe

Jovem Pan / Jovem Pan


Em uma declaração de forte impacto, o ex-ministro Aldo Rebelo, que integrou os governos de Lula e Dilma Rousseff, revelou que, como ministro da Defesa durante a crise do impeachment, teria preparado um decreto de Estado de Sítio se a então presidente Dilma tivesse solicitado. A afirmação foi feita em entrevista a Marco Antonio Villa, no programa Só Vale a Verdade, onde Rebelo traçou um paralelo direto com as acusações de tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, as quais ele considera insustentáveis.

Com uma longa trajetória na esquerda, tendo sido filiado ao PCdoB por 40 anos e presidente da Câmara dos Deputados, Rebelo argumentou que o ato de cogitar ou redigir decretos para momentos de crise, como o Estado de Sítio ou de Defesa, está previsto na Constituição. “Se [a presidente Dilma] tivesse me pedido, eu como ministro da Defesa teria feito e apresentado. […] Agora, seria crime? Eu seria golpista? Ah, que é isso, por favor”, questionou Rebelo, defendendo que a elaboração de tal documento seria o cumprimento de uma prerrogativa presidencial, e não um ato golpista.

Usando essa lógica, o ex-ministro questiona a narrativa de que Jair Bolsonaro liderou uma tentativa de golpe. “Eu acho que essa ideia de que ele liderou uma tentativa de golpe não se sustenta, a não ser como pretexto para retirá-lo da eleição”, afirmou. Para Rebelo, Bolsonaro, com quem conviveu por mais de 20 anos no Congresso, “sempre foi um deputado que respeitou todas as regras do Parlamento” e, como presidente, “respeitou até o fim”.

Aldo Rebelo também comparou os ataques de 8 de janeiro de 2023 a um episódio que ele mesmo gerenciou: a invasão da Câmara dos Deputados por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2006, quando presidia a Casa. Na ocasião, apesar da depredação do patrimônio, ele relata que não classificou os invasores como “terroristas” ou “golpistas”.

“Dei voz de prisão aos invasores. […] Eu nunca chamei eles de terroristas ou disse que eles queriam dar um golpe de Estado. Eu os chamei de arruaceiros”, declarou, enquadrando os atos de 8 de Janeiro como “um movimento de desespero que merece punição”, mas não como uma tentativa articulada de tomada de poder. Segundo ele, um golpe real, como a ditadura militar de 1964, exige amplo apoio institucional das Forças Armadas, da classe política e da imprensa, algo que, em sua visão, não existiu em 2023.

A posição de Rebelo, que nos últimos anos se aproximou do campo conservador e do próprio Bolsonaro, oferece um contraponto singular no debate político, vindo de uma figura que foi peça-chave nos governos do PT.

*Reportagem produzida com auxílio de IA


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