Às vésperas de encontro, Trump indica disposição para aliviar tarifas contra o Brasil

Presidente brasileiro deve levar à reunião temas como sanções a autoridades do país e ações dos EUA no combate ao narcotráfico; há o temor de que falas recentes do petista gerem ruído

Jovem Pan / da Redação


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem mesmo se encontrar neste domingo (26), na Malásia, durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). A reunião ainda não foi oficialmente confirmada pelos dois governos, mas Trump afirmou que pode considerar reduzir tarifas sobre produtos brasileiros “sob as circunstâncias certas”.

O encontro ocorre em meio ao impasse provocado pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a exportações brasileiras. Segundo Lula, o objetivo é demonstrar que a medida não tem sustentação econômica. O presidente brasileiro afirma que os EUA acumularam superávit de cerca de US$ 410 bilhões nas trocas comerciais com o Brasil nos últimos 15 anos.

Além das tarifas, Lula deve tratar da revogação de sanções a autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal e servidores ligados a programas governamentais. O petista afirma que pretende apresentar dados para defender que as taxas e punições foram baseadas em premissas equivocadas.

Também há expectativa de que os dois discutam ações norte-americanas contra o narcotráfico na América do Sul. Lula tem criticado a estratégia de ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico, defendida por Trump. Para o presidente brasileiro, o combate às drogas deve respeitar a soberania dos países e ser acompanhado de julgamento e provas formais. Nos últimos meses, Lula e Trump retomaram contatos diplomáticos. Os dois conversaram por telefone e afirmaram ter tido uma “boa química” em encontro breve durante a Assembleia da ONU. Assessores de ambos os lados avaliam que a reunião na Malásia pode abrir caminho para uma reorganização da relação bilateral.

No entanto, as declarações recentes do petista sobre o combate ao narcotráfico e a soberania dos países podem gerar ruído no encontro. Ao afirmar que “traficantes são vítimas dos usuários também” e criticar a ofensiva dos Estados Unidos contra embarcações suspeitas no Caribe e no Pacífico, o presidente brasileiro colocou em dúvida a estratégia adotada por Trump na região, que envolve ações letais fora do território americano. A fala repercutiu entre parlamentares da oposição no Brasil e pode criar um ambiente mais sensível na mesa de negociações, sobretudo porque o governo norte-americano tem defendido uma abordagem mais dura e direta contra cartéis internacionais.

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Para diplomatas, o tema deve surgir no encontro, mas exigirá cuidado para evitar que contamine a discussão sobre tarifas e relações comerciais. Lula disse que não há temas proibidos para o diálogo e que espera um resultado positivo para os dois países. “Nosso interesse é que ganhe o Brasil e que ganhe os Estados Unidos. E que ganhem, sobretudo, os povos brasileiro e americano”, afirmou. Caso confirmada, esta será a primeira reunião oficial entre Lula e Trump desde o início da atual crise comercial.

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Publicado por Felipe Dantas

*Reportagem produzida com auxílio de IA


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